Com que direito se conta a própria vida?
APA Association
Pour l’Autobiographie é uma
associação criada em 1901 e refundada e reconhecida como interesse geral de 1992, por Philippe
Lejeune na França.
O Objetivo desta associação é ler
– sem qualquer finalidade de avaliação – e guardar o patrimônio autobiográficos (diários,
autobiografias, romance autobiográfico, etc.) Dependendo da vontade do
depositante, seu manuscrito pode ser encontrado ou não em um espaço de 50 anos. Pela quantidade
de escritos íntimos que APA recebe,
pode-se observar que a necessidade dos
autores de escritos íntimos de criarem uma memória e de serem lidos, mesmo que
por estranhos, é enorme.
A
associação destaca que a
principal interesse em manter tantos
manuscritos íntimos não é a curiosidade é uma extrema necessidade de conhecer um
pouco mais sobre o ser humano. Além disso, a associação faz parte de um
movimento europeu, cujo “objetivo é reconhecer a variedades de vidas
extraordinárias e ajudar em longo prazo maior integração entre as culturas” principalmente na Europa.
Lejeune diz que a associação no
inicio causou espanto já que autobiográficos ou diaristas, supostamente são individualistas
e narcisistas, como poderiam se associar? Ele completa:
“ Ora é
claro que sim! Quando se reflete sobre a própria vida, é possível se interessar
pela dos outros, por comparação e simpatia”
Abaixo parte da entrevista com o
Philippe Lejeune a revista Ipotesi de
Juiz de Fora em 2004:
“ A autobiografia é um ato excepcional e intimidador: com que direito
conta-se a própria vida? É preciso de
alguma maneira estar legitimado. Além
disso, como construir uma narrativa que prenda a atenção dos outros? É uma arte
difícil. A autobiografia é pois um ato pouco frequente: poucas são escritas
embora muitas sejam lidas. Já com diário acontece exatamente o contrario:
muitos são escritos e poucos são lidos. O diário não intimida. Todos acham ter
o direito de escrever um e se creem capaz de fazê-los. Mas quase nunca
publicada e é frequentemente destruída.
O centro da cena, nas livrarias, é ocupado pelos diários de escritores que são
muito interessantes, é claro, mas não são representativos. “
Lejeune ainda acrescenta que deveria ter no Brasil uma pesquisa sobra a prática do diário:
“Basta acrescentar uma pergunta a esse respeito em uma pesquisa estatística
nacional (por exemplo sobre praticas culturais). Ou então fazer uma pesquisa “qualitativa”,
através de um anúncio publicada na mídia: “ se você tem um diário, fale sobre
ele!” . Ou então, distribuir questionários em escolas e universidades.”
Que mundo mágico é o mundo dos diários,
quanto mais me aprofundo nele mais fico encantada. Eu MariaCininha, Lunna Guedes, Tatiana Kielberman, Raquel
Stanick estamos no projeto Diário das Quatro estações, lançamento no dia 31 de
agosto de 2013 na Biblioteca Alceu de amoroso Lima as 16.00 horas.
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