Bruxa Maria
Ela não mora em um castelo
abandonado, cheio de teias de aranhas e criação de morcegos. Ela mora em um
pequeno apartamento de uma grande cidade. É uma bruxa contemporânea. Usa
bicicleta em vez de vassoura, se veste com roupas coloridas em vez de preto,
usa o Google em vez de bola de cristal, usa um piercing em vez de verruga no
nariz e em vez de um gato tem um cachorro negro.
De resto, é uma bruxa como as
outras. Transforma príncipe em sapo, carruagem em abóbora. Como toda bruxa,
adora alquimia, mas não aquelas velhas receitas fumegantes de misturar rabo de
lagartixa com olho de dragão. A Bruxa Maria gosta mesmo é de misturar
cores. Dizem que no dia em que a magia está à flor da pele ela consegue
modificar até as cores do arco-íris.
Tem uma prateleira na janela em
vez de cortina. Esta prateleira é cheia de garrafas coloridas, que refletem
vários raios de luzes multicores. Ela não conta para ninguém, mas copiou
a ideia das garrafas coloridas da casa de um grande poeta. Pois, em noites
de lua cheia, em segredo visita artistas e poetas, porque, segundo ela, estes
seres são mágicos, embora usem disfarces.
Mas no dia do Halloween, a Bruxa
Maria abre seu antigo baú de bruxa. Coloca asas de morcego, liberta aranhas,
coloca no céu uma Lua nova, no bolso uma floresta escura e a velha máscara de
coruja da sua bisavó. Segue a tradição de seus ancestrais e sai para se
divertir. Afinal, bruxa é sempre bruxa, mesmo que de vez em quando se confunda
com uma fada.
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